segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Cupido e Psiquê




Na mitologia uma história interessante de amor: Cupido e Psiquê, na qual identificamos os encontros e desencontros das vidas amorosas.

Psique era a mais bonita das três belas filhas do rei. Todos os dias, ela recebia cortejos de pessoas para admirar sua beleza que era tamanha, que muitos a comparavam com a beleza da deusa Vênus, como se tivesse decidido viver entre os humanos.

Esta comparação parecia ser uma homenagem a deusa, entretanto seus templos estavam vazios, por causa da atenção dedicada a Psiquê.

Vênus decidiu vingar-se daquela mortal insolente e por não tolerar tal afronta, pediu a seu filho Cupido (arqueiro divino) que investisse uma de suas setas em Psiquê para torná-la um ser monstruoso, e que sua infelicidade fosse maior do que a mulher mais desgraçada do mundo. (Quem se atreveria a querer Vênus como sogra?)

Cupido, sendo muito obediente a sua mãe foi ao encontro de Psiquê, se aproximou invisível de sua presa e prestes a lhe apunhalar uma seta no peito, ficou encantado com a beleza da jovem e, atrapalhando-se, acabou por ferir-se com a própria flecha.
As duas irmãs de Psique já haviam encontrado esposos e perguntavam ironicamente:

- onde estará o príncipe encantado de nossa linda irmã?

O rei preocupado foi consultar o oráculo de Apolo para saber a razão e retornou desolado em saber que sua filha predileta não se casaria com um mortal, mas com um ser alado e perverso que se ocupava de ferir homens e deuses com suas flechas e para que seguisse seu destino, Psique deveria ser abandonada no alto de um rochedo para que este Ser Alado viesse buscá-la.

Psique foi abandonada conforme as instruções do oráculo e enquanto dormia, após passar muito medo e pensando que o abandono era seu destino, foi carregada até um belo jardim de um palácio esplendoroso pelos Zéfiros – ventos suaves que sopram vindos do oeste.
A jovem ficou encantada com as maravilhas do palácio. Todas as noites Cupido vinha invisível ao seu encontro, falava ao seu ouvido e passava a noite com ela. Aos poucos, ela se acostumou com a situação, mas sentia muitas saudades de suas irmãs e pediu a Cupido que as trouxesse ao Palácio. Este relutou, mas cedeu ao pedido de sua amada e lhe deu um conselho:

- tome cuidado com a inveja de suas irmãs, pois elas verão que seu Palácio é muito mais encantador do que o lugar onde elas vivem.

Ao visitar Psique, as irmãs não puderam conter sua inveja e persuadiram-na a um plano para matar Cupido, alegando que uma vez que ele nunca se mostrava, deveria ser um monstro e que poderia matá-la. Psique, com muito medo do que poderia acontecê-la e acreditando na amizade das irmãs, seguiu o plano que consistia em matá-lo durante seu sono.

Após perceber que Cupido adormecera, levantou-se para investi-lo uma faca no peito, entretanto, hesitou-se ao se deparar com a tamanha beleza de Cupido. Como um pingo de cera quente da vela que carregava caiu em seu lindo rosto, Cupido acordou e foi surpreendido ao ver Psique com uma faca na mão e sumiu decepcionado. Em seguida, tudo desapareceu com ele, jardim, castelo… Desesperada, Psique foi ao encontro das irmãs e contou tudo o que acontecera. Elas a desprezaram dizendo que Psique fora ingrata com tudo o que recebera e estaria fadada a ficar só.
As irmãs de Psique aproveitaram-se da situação e foram até o rochedo esperando que os Zéfiros fossem buscá-las e levá-las até o lindo castelo para o encontro de Cupido. Praguejaram contra os Zéfiros por não aparecerem, até que ao sentirem um vento nos rostos e se atiram do rochedo pensando que seriam resgatadas pelas mãos destes… Mas, morreram no penhasco.

Psique procurou Vênus e implorou perdão pelo que fizera a Cupido e disse que o amava e queria recuperar seu amor. Foi aprisionada durante muito tempo sob as imposições e obrigações de Vênus, que a propôs uma tarefa muito difícil visando avaliar até que ponto teria forças e ceder. Psiquê demonstrou sua resistência indo até os infernos (Reino de Plutão) para buscar com Prosérpina, uma caixa que supostamente continha beleza, tendo em vista que Vênus alegava ter perdido um pouco da sua, cuidando do filho machucado. (Ê, sogra difícil).

Uma voz no ouvido de Psiquê, a orientou durante sua missão que foi bem sucedida até a volta. A voz que era de Cupido, a aconselhou nunca abrir a caixa, mas Psique antes de entregá-la quis saber o que lá continha e ao abrir uma nuvem de sono profundo a envolveu fazendo com que esta parecesse morta. Cupido mais uma vez ficou muito desapontado com a curiosidade da amada, mas reverteu a situação.

Quando Psique acordou de um sono profundo, recebeu autorização dos deuses para tomar o néctar que a transformou em uma deusa e pôde, finalmente, casar com Cupido.Após esta história de amor, pensamos por que é tão difícil ser feliz e nos damos conta do quanto traímos nossos desejos. Estamos sempre esperando sermos arrebatados pelo par perfeito, a outra metade da laranja, mas também fazemos com que nossos namorados / namoradas fiquem invisíveis diante dos obstáculos.
A vida é cheia de encontros e desencontros, surpresas, desconfianças, erros, arrependimentos e várias chances para resgatar a confiança do outro e confirmar e lutar pelo que sentimos. Não é ruim expressar o que se sente pelo outro, mas evitem os jogos quando as regras não foram discutidas. Não tenham medo de amar e de ser amados.

Muitas vezes dizemos que é muito difícil amar, mas quantas vezes não nos permitimos ser amados?

PARMÊNIDES DE ELÉIA

O filósofo pré-socrático Parmênides nasceu em Eléia na Magna Grécia. Ele não é um seguidor ou reelaborador de um pensamento já esboçado, mas é um inovador radical.

Ele atribuiu três possíveis "vias" à pesquisa: uma da verdade absoluta, uma das opiniões falaciosas ou da absoluta falsidade, e uma da opinião plausível.

Na via da absoluta verdade, do lógos, o grande princípio parmenidiano é este: O ser é e não pode não ser; o não-ser não é e não pode ser de modo algum. Isso se justifica em sua frase: "Necessário é dizer e pensar que o ser é: de fato o ser é, nada não é".

Segundo Parmênides, o ser é a única coisa pensável e exprimível, a ponto de fazer coincidir o pensar e o ser, pois não há pensamento que não exprima o ser. Ao contrário, o não-ser é de todo impensável, inexprimível, indizível e, portanto, impossível e absurdo.

Esta é a primeira grandiosa formulação do princípio da não-contradição, o princípio que afirma a impossibilidade de coexistência simultânea dos contraditórios, no caso o ser e o não-ser. Se há ser, não pode haver o não-ser. Aristóteles mais tarde reformularia esse princípio em sua Lógica.

O ser parmenidiano, em primeiro lugar é ingênito e incorruptível. Pois se foi gerado, só o foi do não-ser ou do ser; do não-ser é impossível porque o não-ser não é; do ser é igualmente impossível porque já seria e não nasceria. E por estas mesmas razões é impossível que se corrompa.

O ser não tem, pois, um passado e um futuro, mas é presente eterno sem início nem fim. Segundo Parmênides, o ser é imutável e absolutamente imóvel, é perfeito e acabado e, como tal, não tem necessidade de nada e, por isso, permanece em si mesmo idêntico no idêntico. Ele é um contínuo todo igual já que qualquer diferença implica o não-ser.

Resumidamente, a única verdade consiste, portanto, no ser ingênito, incorruptível, imutável, imóvel, igual e uno: o resto é apenas diferentes denominações da mesma coisa.

O ser parmenidiano e o princípio dos jônicos convergem no fato de serem ingênitos e incorruptíveis. O seguinte trecho de Parmênides: "tudo é cheio de ser" faz relembrar uma famosa afirmação de Tales. Eles divergem no fato do ser não ser "princípio", porque não há "principiado". Enfim, não há princípio porque o ser é absolutamente igual, indiferenciado e indiferenciável, enquanto o princípio dos jônicos gerava as coisas diferenciando-se e transformando-se.

Na via do erro, ou das opiniões falaciosas como diz Parmênides, os sentidos parecem atestar o devir, o movimento, o nascer e o morrer, e portanto o ser junto com o não-ser. Essa seria a raiz do erro, a admissão da possibilidade da coexistência e da passagem de um ao outro, e vice-versa.

Na terceira via, a das opiniões plausíveis, Parmênides buscava, e aceitava, explicações sobre os fenômenos e as aparências sem ir contra o grande princípio da não-contradição.

Em suas explicações, ele diz que os "mortais" puseram duas formas supremas: "luz" e "noite", concebendo-as como contrárias (como ser e não-ser) e deduzindo todo o resto delas. Para Parmênides eles erraram porque não compreenderam que as duas formas estão incluídas numa superior unidade necessária, na unidade do ser, conforme ele mesmo diz em: "ambas iguais, porque com nenhuma das duas há o nada", e por isso são ambas o ser. Isto consiste numa forte crítica ao Maniqueísmo, posteriormente melhorado por santo Agostinho.

A doutrina de Parmênides provocaria muitas polêmicas e muitos ataques de adversários, por causa da negação do devir e do movimento e da negação da multiplicidade. Era preciso que a filosofia, depois dele, encontrasse novas vias que permitissem salvar, além do ser, os fenômenos.

A Baunilha


O poeta Gonçalves Dias dedicou à planta um poema, escrito em 1861, onde se lê (domínio público):





Vês como aquela baunilha
Do tronco rugoso e feio
Da palmeira - em doce enleio
Se prendeu!
Como as raízes meteu
Da úsnea no musgo raro,
Como as folhas - verde-claro -
Espalmou!
Como as bagas pendurou
Lá de cima! como enleva
O rio, o arvoredo, a relva
Nos odores!
Que inspiram falas de amores!
Dá-lhe o tronco - apoio, abrigo.
Dá-lhe ela - perfume amigo,
Graça e olor!
E no consórcio de amor
- Nesse divino existir -
Que os prende, vai-lhes a vida
De uma só seiva[1] nutrida,
Cada vez mais a subir!
Se o verme a raiz lhe ataca,
Se o raio o cimo lhe ofende,
Cai a palmeira, e contudo
Inda a baunilha recende!
Um dia só! _ que mais tarde,
Exausta a fonte do amor,
Também a baunilha perde
Vida, graça, encanto, olor!
Eu sou da palmeira o tronco,
Tu, a baunilha serás!
Se sofro, sofres comigo;
Se morro - virás atrás!
Ai! que por isso, querida,
Tenho aprendido a sofrer!
Porque sei que a minha vida
É também o teu viver.